Redação Dissertativa - FALTA UM PLANO NACIONAL - mercado interno; países emergentes; nações em desenvolvimento; PIB; economia internacional; economia brasileira; gargalos de infraestrutura; desenvolvimento sustentável.

Redação dissertativa para concurso público, vestibular, prova do Enem. 
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Falta um plano nacional


(Fonte: Gazeta do Povo)

Para obter crescimento consistente, o país deve cuidar da expansão do mercado interno – não pela expansão das dívidas das pessoas, mas pelo aumento de renda
Brasil, Rússia, Índia e China são os países representados pela sigla Bric, que foi cunhada pelos banqueiros de Wall Street para indicar os países emergentes que eram a “menina dos olhos” dos financistas e investidores internacionais. Assim eram referidos porque representavam as nações em desenvolvimento com as melhores chances de se tornarem prósperas, com crescimento econômico acelerado e significativa melhoria social. Seriam também as nações com as melhores perspectivas para os investidores estrangeiros, tanto para aqueles dispostos a instalar suas empresas no local quanto para os que desejavam investir seu dinheiro em busca de ganhos de capital.
Com a inflação domada pelo Plano Real desde 1994, a surpreendente elevação das reservas cambiais, os programas sociais e a estabilidade macroeconômica, o Brasil passou a ser uma espécie de “preferido” dos investidores internacionais. Tudo ia muito bem, com a ajuda da tranquilidade política e eleitoral, até que o casco econômico brasileiro, antes tido como sólido e próspero, começou a apresentar alguns furos não percebidos nos tempos de euforia.
Inicialmente, descobriu-se que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode não continuar ocorrendo a taxas relativamente altas, tão necessárias para o ingresso do país no clube dos desenvolvidos e para a melhoria do nível de bem-estar social. O alerta veio já neste ano de 2012. De uma previsão inicial, feita pelo ministro Guido Mantega, que anunciava um crescimento do PIB de 5%, o país caminha para fechar este ano com crescimento de apenas 1,7%. É muito pouco, sobretudo se for considerado o aumento da população – em torno de 1,8 milhão de habitantes – em 2012.
Além de impor um freio nas melhorias sociais, o baixo desempenho do PIB neste ano abre a discussão sobre a real capacidade de o Brasil voltar a ter crescimento expressivo em 2013 e nos anos seguintes. O PIB de 2013 deve apresentar uma taxa de aumento bem melhor que 2012, mas isso ocorrerá porque o cálculo será feito sobre uma base reduzida pelo baixo crescimento deste ano. Um desafio consiste em descobrir se o país será capaz de crescer a uma taxa de 5% ao ano como média da década. Apenas um ano de crescimento na faixa de 1,7% é suficiente para jogar por terra a meta de 5% anuais para toda a década.
O governo federal elaborou a proposta orçamentária para 2013 e a enviou ao Congresso Nacional com previsão de crescer 4,5%. Se, por alguma razão, essa previsão não ocorrer, ficará muito difícil o Brasil conseguir crescer na década 2011-2020 o suficiente para tirar 13,3 milhões de pessoas da condição de “extremamente pobres” e zerar a população vivendo nessa situação. Diante desse cenário, o mundo está se perguntando por que o Brasil pode não ser tão bom quanto os financistas do mundo pensavam. O ano que vem será decisivo para consolidar algumas explicações sobre a incapacidade de o país crescer de forma continuada.
Uma explicação está na dependência em relação à economia internacional. Enquanto o consumo da China crescia, os preços externos subiam, o Brasil aumentava suas exportações e elevava suas reservas cambiais, tudo parecia estar resolvido. Mas, com a demanda mundial caindo e os preços externos crescendo menos – ou até caindo –, a economia brasileira sentiu o baque. Para obter crescimento consistente, o país não pode depender demasiadamente da demanda externa e deve cuidar da expansão do mercado interno – não pela expansão das dívidas das pessoas, mas pelo aumento de renda.
Outra explicação, mais afeita ao crescimento no médio prazo, diz respeito aos gargalos de infraestrutura que impedem o Brasil de crescer sustentavelmente por muitos anos. Embora haja consenso de que não é possível crescimento continuado se o país não resolver os gargalos nas áreas de transporte, portos, aeroportos, energia e armazenagem, o fato concreto é que não se vislumbra nenhuma revolução nesse setor. A principal razão é que a infraestrutura física é basicamente estatal, o setor público não tem dinheiro para investir e, quando tem, o governo não consegue executar as obras por razões gerenciais ou problemas de corrupção.
O ano que vem será especialmente importante para a economia brasileira, pela expectativa de crescimento do PIB e pela possibilidade de o governo apresentar um plano nacional de desenvolvimento capaz de mostrar os objetivos, as metas, as ações e os recursos para os próximos anos.
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